EMDR significa Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares (Eye Movement Desensitization and Reprocessing).
Trata-se de uma abordagem psicoterapêutica que permite a reativação do sistema de processamento cerebral, onde as memórias dolorosas são armazenadas.
Parte-se do princípio de que nós possuímos um sistema inato de processamento de informações e as patologias decorrem de um bloqueio nesse sistema. As patologias são representadas por informações disfuncionais fisiologicamente armazenadas e que podem ser acessadas e transformadas de maneira direta.
O EMDR foi desenvolvido pela Dra. Francine Shapiro no final dos anos 80 na Califórnia – EUA. Na continuidade foram desenvolvidas muitas pesquisas e estudos. Esse movimento segue ocorrendo em vários países ao redor do mundo. No Brasil, desde 2000 há psicólogos e médicos especializados em psicoterapia formados por treinadores estrangeiros, e a partir de 2004 foram criados cursos regulares pela empresa pioneira no Brasil: EMDR Treinamento & Consultoria. Atualmente esses cursos são ministrados em muitas cidades brasileiras por profissionais credenciados pelo EMDR Institute – USA.
O EMDR pode promover respostas mais rápidas e de forma mais protegida do que as abordagens tradicionais. O paciente não precisa falar sobre tudo o que lhe aconteceu, já que o processo não é baseado na fala, mas em processamento cerebral.
Entrevista com a israelense Tal Croitoru, autora do livro Revolução EMDR.
O cientista Bessel van der Kolk, presidente da Sociedade Internacional para Estudos do Estresse Traumático, quis verificar as diferenças entre cérebros cronicamente traumatizados e cérebros normais. Ele supôs que o cérebro detém a chave para as raízes e o tratamento de traumas graves.
Esta ciência está quebrando barreiras em diversas áreas tais como a neurociência, mapeamento cerebral, meditação e psicoterapia. Sem contar o valor científico, os resultados poderiam percorrer um longo caminho na direção da compreensão e, tratamento de famílias e comunidades afetadas por assassinatos e violência.
“Trauma já não era sobre algo que aconteceu há muito tempo, era sobre a impossibilidade de se comprometer plenamente com o presente. Nada de novo, estava chegando ao cérebro” explica van der Kolk.
A ciência em torno do trauma crônico está evoluindo rapidamente e em novos caminhos, mesmo enquanto os cientistas descobrem novas evidências sobre o que está acontecendo no cérebro de pessoas cronicamente traumatizadas, estão surgindo novas técnicas intrigantes para lidar com os efeitos.
Os pesquisadores estão concentrando suas energias mais intensamente em crianças, nas quais o trauma precoce muitas vezes pode se tornar um obstáculo debilitante, ao longo da vida; o tratamento precoce oferece a melhor chance de recuperação completa e eficaz.
Cientistas e terapeutas acreditam agora que os efeitos a longo prazo de traumas na infância são mais profundos e preocupantes do que se pensava.
“Um achado consistente após o controle do tamanho corporal e tamanho da cabeça foi que as crianças traumatizadas têm cérebros menores, em relação às crianças que não tenham sido traumatizadas”, disse Frank Putnam, diretor do Centro de Tratamento de Trauma de replicação do Hospital Infantil de Cincinnati.
Diversos estudos constataram que a substância branca, tecido do cérebro que faz conexões dentro da substância cinzenta rica em neurônios, está diminuída em crianças traumatizadas. Isso significa menos neurônios fazendo menos conexões – e fazer conexões é o que cria QIs mais altos.
Os efeitos causados nos cérebros das pessoas mudam por conta do trauma e são conhecidos: comportamento antissocial, entorpecimento emocional, agressão, violência e dissociação física e mental.|
Experiências traumáticas, como tiroteios, estupros, roubos ou abuso emocional deixam uma marca na parte central do cérebro chamada córtex pré-frontal medial, o que ajuda a regular o nosso relacionamento com nós mesmos – auto refletir e auto observar, e estabelecer relações sociais com os outros. O trauma também turva as conexões entre os lados direito e esquerdo do cérebro, afetando a fala e as habilidades cognitivas.
“Essas coisas mudam o cérebro, que se torna cronicamente medroso, ou a não teme nada, ou acha que a melhor coisa a fazer antes que alguém te machuque é machucá-los”, disse van der Kolk.
Um grande problema que os cientistas estão apenas começando a lidar é como muitas vezes as vítimas de trauma crônico são incapazes de escapar do ambiente traumático ao redor deles. Mas estudos recentes sugerem que pode haver esperança: a aborgadem EMDR, neuro-feedback e até mesmo atenção e meditação são eficazes como ferramentas terapêuticas para pessoas presas em ambientes traumáticos.
A EMDR existe a cerca de uma década, mas só agora está ganhando força nos tratamentos de transtorno de estresse pós-traumático. Estudos recentes em pessoas que receberam tratamento com EMDR mostram uma taxa de melhora de 91%. A terapia trabalha através do acesso a memórias por meio de estimulação bilateral dos dois hemisférios cerebrais e, em seguida reprocessamento dos mesmos para tira-los da carga emocional do trauma.
Pela primeira vez na história, os cientistas têm acesso a tecnologias de imagem que podem investigar o funcionamento do cérebro humano com altos níveis de detalhe. Com as novas técnicas avançadas de varredura, como as varreduras por imagem SPECT e a fMRI (ressonância magnética funcional), temos uma compreensão mais profunda de nosso computador interno do que jamais imaginamos ser possível.
E são esses tipos de tecnologia que nos dão uma visão direta de como a terapia EMDR muda o cérebro humano e pode fazê-lo funcionar com mais eficiência.Dê uma olhada nas imagens abaixo. Olhe a imagem esquerda. Veja a cor vermelha espalhada pelo cérebro. Essas são as áreas que não estão funcionando como deveriam, na verdade, estão funcionando demais!
Agora confira a imagem no lado direito. Esta imagem foi tirada depois que a pessoa passou por uma série de sessões de EMDR. Observe como a área afetada diminuiu substancialmente ao ponto de quase desaparecer completamente – é assim que um cérebro deve funcionar.
Agora vamos ver um segundo conjunto de imagens.
Aqui você pode ver uma varredura do cérebro de dois ângulos diferentes e em uma pessoa diferente. A área vermelha mostra excesso de atividade doentia no cérebro. Agora observe as duas imagens à direita tiradas após a terapia EMDR. O vermelho quase desapareceu e o cérebro está funcionando de maneira normal e eficiente.
Usando o EMDR para mudar o cérebro, as pessoas podem transformar pensamentos prejudiciais e autodestrutivos em crenças e comportamentos saudáveis ??e positivos que melhorarão suas vidas. Esta informação sobre como o EMDR pode transformar uma pessoa tem como base dezenas de estudos científicos. O EMDR está sendo usado para tratar depressão, medo e ansiedade, baixa autoestima, vício, dor e perda, e também trauma e TEPT.
Como um dos tratamentos psicoterapêuticos mais pesquisados, o EMDR foi estudado entre muitos grupos de pacientes, incluindo veteranos militares e vítimas de agressão sexual. Em alguns estudos, mais de 70% dos indivíduos não demonstraram mais seus sintomas após apenas três sessões de EMDR. Em um estudo com pessoas deprimidas, a terapia com EMDR foi mais eficaz que o Prozac para tratamento de longo prazo.
Estudos clínicos mostraram que o EMDR ajuda os pacientes a curar ou alterar comportamentos problemáticos em uma fração do tempo exigido por outras formas de terapia.
A Dra. Francine Shapiro, fundadora da Terapia EMDR como um tratamento de saúde mental, disse que, de alguma forma, o EMDR parece interromper a memória de trabalho. Isso significa que depois de passar pelo processo de Terapia EMDR, as pessoas perceberão suas memórias negativas, sentimentos e até mesmo suas compulsões comportamentais, como o vício de forma diferente. “Cerca de uma dúzia de estudos usando imagens cerebrais observaram mudanças neurofisiológicas significativas na terapia pré e pós EMDR, incluindo um aumento no volume do hipocampo”, disse Shapiro.
A palavra “trauma” provém do grego e significa “ferida”. O Trauma Psicológico é um tipo de dano emocional, que ocorre como resultado de determinadas situações. Ele vem acompanhado de estresse e pode resultar em mudança fisiológica no cérebro, afetando o comportamento e o pensamento da pessoa. Um evento traumático envolve uma experiência ou série de experiências repetidas que afetam a maneira da pessoa lidar com ideias e emoções envolvidas com aquela experiência, podendo às vezes durar semanas ou anos.
O trauma acontece a partir de eventos variados, mas com aspectos comuns. Geralmente envolve o sentimento de completo desamparo diante de uma ameaça real ou subjetiva de integridade do corpo, da própria vida ou da vida de pessoas amadas. Um trauma pode violar os ideais da pessoa a respeito do mundo, causando extrema confusão e insegurança. Muitas vezes aparecem em decorrência de traição de pessoas ou de instituições, ou ainda como resultado de desilusão ou privação sofrida.
O trauma psicológico pode vir acompanhado de trauma físico ou existir de maneira independente. Há vários tipos de traumas psicológicos como abuso sexual, violência, ameaças, desafeto, desilusão, especialmente quando ocorrem na infância ou adolescência.
Eventos catastróficos como terremotos, enchentes, erupções vulcânicas, guerra ou outras formas de violência em massa também podem causar traumas psicológicos, assim como exposição à miséria durante longo tempo ou mesmo abuso verbal. Entretanto, pessoas diferentes reagem de maneiras diferentes em eventos similares; o mesmo evento pode ser traumático para uma pessoa e para a outra não.
O TEPT pode aparecer quando a pessoa vivenciou um acontecimento que está fora da faixa habitual de experiências humanas e que seria acentuadamente doloroso a quase qualquer um; por exemplo, séria ameaça à vida ou integridade física da pessoa, destruição súbita da casa ou da comunidade. Outra situação que resulta comumente em TEPT é ver alguém que recentemente foi ou está seriamente traumatizada ou morta como resultado de um acidente ou violência física.
O acontecimento traumático é persistentemente revivido através de:
- Lembranças recorrentes e intrusivas do acontecimento;
- Sonhos perturbadores;
- Atuação súbita ou sentimento como se o acontecimento traumático ainda estivesse acontecendo;
- Sofrimento psicológico intenso ao se expor a acontecimentos que simbolizam ou se assemelham a um aspecto do acontecimento traumático, inclusive aniversários do trauma.
A pessoa passa a evitar persistentemente os estímulos associados ao trauma. Os esforços são no sentido de evitar pensamentos, sentimentos, atividades ou situações que despertem lembranças do trauma.
É possível também não conseguir lembrar algum aspecto importante do acontecimento (amnésia psicogênica) e ter interesse diminuído em atividades significativas. Em crianças, pode haver perda de habilidades adquiridas recentemente, tais como hábito de usar o banheiro ou habilidades na linguagem.
A pessoa tem sentimentos de desligamento ou estranheza em relação aos outros e é incapaz de experimentar sentimentos amorosos. Além de não esperar nada do futuro, em termos de carreira, casamento, amizade, aprendizado, etc.
Alguns sintomas de trauma:
- Recordações recorrentes com perturbação;
- Sonhos recorrentes;
- Evitamento de pensamentos ou sentimentos associados ao trauma;
- Evitar situações ou lugares que evoquem o trauma;
- Incapacidade de amar ou sentir-se amado;
- Insônia; dificuldade de dormir ou permanecer dormindo;
- Irritabilidade ou explosões de ira;
- Dificuldade de concentração;
- Respostas de sobressalto exagerada;
- Hipervigilância.